Em alerta pelo agravamento da pandemia em todo o estado, o governador Romeu Zema fez um apelo à população mineira para que adote medidas de proteção contra o coronavírus, que agora passam a ser mais duras em todas as regiões de Minas Gerais.
A aplicação das medidas previstas na onda roxa e os motivos que levaram o Governo de Minas a estendê-la aos 853 municípios foram detalhados por Romeu Zema em entrevista coletiva à imprensa nesta terça-feira (16). A nova etapa passa a valer a partir de quarta-feira (17) e, a princípio, terá duração de 15 dias.
“Estamos aqui hoje para tratar de uma questão que, há um ano, tem causado transtorno e tristeza a toda a sociedade. O sistema de Saúde de Minas Gerais entrou em colapso. Ou seja, o número de pessoas que demandam cuidados médicos é maior que a capacidade de atendimento”, alertou o governador.
Para Zema, enquanto não existe vacinação em massa, a alternativa é controlar a disseminação do vírus com as medidas de distanciamento social. “Estamos obrigados a optarmos entre continuar vivendo como se nada estivesse acontecendo ou termos um isolamento para salvarmos vidas. E eu sou favorável a salvar vidas”, disse.
O governador lembrou do trabalho feito, desde o início da pandemia, para estruturar o setor de Saúde no Estado. “Passamos de 2 mil para 4 mil leitos de UTI. Leitos de enfermaria que antes eram de 10 mil saltaram para 20 mil unidades. Compramos respiradores e ampliamos o número de profissionais. Mas, apesar de todo o esforço, com a segunda cepa que chegou no Brasil, nos últimos meses tivemos um grande aumento no número de casos e óbitos. Essa situação, vale lembrar, não é exclusividade de Minas nem do Brasil, ocorre em vários países do mundo”, explicou.
Sobrecarga
O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, que assumiu o cargo na última segunda-feira (15) e participou da coletiva ao lado do governador, afirmou que Minas vive o pior cenário em 12 meses de pandemia.
“Estamos vivendo um momento de alta taxa de incidência e ocupação de leitos. É a primeira vez que as unidades de Saúde de todas as regiões estão sobrecarregadas. Não temos mais capacidade de transferir pacientes de uma macrorregião para outra, e isso faz com que a gente adote medidas mais duras”, explicou o secretário.
Fábio Baccheretti ressaltou que a onda roxa não pode ser apenas mais uma cor no mapa, mas uma mudança de comportamento de todos os mineiros. “Precisamos que os cidadãos entendam isso. Não adianta restringir a circulação e fechar o comércio se as pessoas não mudarem os hábitos. O mineiro foi um exemplo para o Brasil no início da pandemia, mas com o passar do tempo ele foi relaxando”, disse.
O secretário explicou que Minas Gerais passou a registrar uma queda mais acentuada das taxas de isolamento em outubro, chegando a 30%. Com isso, a média móvel de casos subiu de maneira exponencial, seguida pelo número de óbitos. “Nas primeiras semanas de março houve um aumento acima da média de ocupação. A abertura de leitos não acompanha a velocidade do número de infectados, que é muito maior”, afirmou.
Segurança
Em relação à segurança durante o período de onda roxa, o comandante-geral da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG), coronel Rodrigo Sousa, explicou que caberá à corporação apoiar a fiscalização das posturas municipais.
“Temos protocolos já definidos. O objetivo é fazer com que as pessoas obedeçam e que não seja preciso adotar outras medidas, que podem ser notificação ou multa. No entanto, alguns comportamentos podem incorrer em crimes como resistência, desobediência, desacato e até mesmo a propagação de doença contagiosa. Neste caso, entramos na esfera criminal, o que deve ser tratado pela Justiça”, explicou.
Onda roxa